Brasil.
Segunda-feira, 21 de dezembro de 2020.
02:30 da tarde.
De 2016 a 2019, eu fui correspondente pelo projeto do blog Trocando Cartas. Me correspondi com pessoas do meu país (Brasil) e do exterior.
Depois do fim da correspondência com uma outra mulher por e-mail, eu a vi reclamar de mim na internet, dizendo que eu ficava perguntando coisas da vida dela, querendo dizer que eu não devia perguntar. Eu fazia perguntas, sim, pois acreditava que era assim que a correspondência fluiria e não cairia numa rotina monótona. Eu perguntava coisas, sim, mas nada íntimo. Apenas em cima de coisas que ela mesma estava me contando e que abriam margem para dúvidas, para perguntas. Eu acho que ela esqueceu que era uma correspondência, uma troca de cartas virtuais, e queria que eu ficasse só lendo o que ela escrevesse. Só ela que podia me perguntar coisas. Só ela que podia falar. Não queria ler nada da minha parte, não queria ver nenhuma pergunta minha. Eu não poderia perguntar nada a ela sobre ela, pelo que entendi. Queria que eu ficasse só lendo, "escutando" as coisas que ela contava, acho até que me confundiu com uma psicóloga. Então isso não seria uma correspondência. Quando eu a convidei para ficarmos conversando, trocando ideias por sermos as duas escritoras, mantendo contato, eu a convidei para algo mútuo. Eu propus um diálogo. Não um monólogo, no qual só ela falaria ou me perguntaria coisas e eu só ficaria lendo, "ouvindo"-a. Pois é assim que funciona uma troca de cartas, uma correspondência, ora.
A troca de cartas é um jogo de perguntas e respostas. Quem não entende isso ou não aceita, nem entre para o mundo das cartas. Ou se já estiver inserido nele, nem continue.